sexta-feira, 6 de julho de 2007

Live Earth - 7 de Julho 2007

Apelo a todos os amigos dos blogs Ecologia Urbana e Esteira do Ambiente para a solidariedade em torno do Live Earth no dia 7 de Julho 2007

sábado, 2 de junho de 2007

"Padre Himalaya no Canadá"



Padre Himalaya (1868 - 1933), um homem visionário que há muito havia pensado nas energias renováveis enquanto solução para um desenvolvimento sustentável.

O Professor Doutor Jacinto Rodrigues e o realizador Jorge António estão no Canadá para uma série de encontros a propósito deste homem e da sua importância para o pensamento ecológico.
Ler mais AQUI.

sexta-feira, 1 de junho de 2007

preocupação ecológica em versos...

Recebi de um amigo que brinca com as palavras a quem pedi, em tempos, uma colaboração para este blog.
Aqui está:

da des_esperança


"leaning poppies", Oskar koller


Arrefeço!
Fevereiro em Maio?

Frio, flor?

Há dias, o Sol afiançou-me
que as neves se fundiram
nos flancos da montanha.

Imaginavam-se eternas...

Acreditei nele!


Daniel Sant'Iago

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Energia Solar - Enviro Mission



"Situada no deserto da Austrália, esta fábrica de energia solar será a mais alta construção do mundo e também a mais ambiciosa obra para gerar electricidade a partir de uma fonte não poluente.
O maior projecto de produção de energia solar do planeta está a ser construído em Mildura, no meio do deserto australiano.
Uma torre de 1 km de altura por 130 m de diâmetro, que será a mais alta construção do mundo quando ficar pronta, em 2009; será erguida no centro de um imenso painel solar, de 20 km quadrados. Se tudo correr como o previsto, o calor gerado pelo painel formará uma corrente de ar de até 50 km/h na enorme chaminé, o bastante para movimentar 32 turbinas, gerar 200 megawatts de energia e abastecer até 1 milhão de pessoas.
O gigantismo do projecto dá uma ideia de quanto as fontes renováveis, como o sol e os ventos, começam a merecer atenção e a tornarem-se viáveis.
O filme é de aproximadamente 3 minutos e vale a pena ser visto". AQUI.

terça-feira, 3 de abril de 2007

I Seminário Internacional sobre Desenvolvimento Ecologicamente Sustentável

Vai decorrer nos dias 2 e 3 de Maio de 2007 o 1º Seminário Internacional sobre Desenvolvimento Ecologicamente Sustentável, na Universidade da Beira Interior - Covilhã.
Mais informações em
http://www.ubi.pt/noticias/noticias.php?prioridade=UBI

Pensar a Ecologia em África não é uma utopia

Pensar a ecologia em África não é uma utopia
I Seminário Internacional sobre Desenvolvimento Ecologicamente Sustentável

Formar as populações para actuarem numa perspectiva de desenvolvimento ecologicamente sustentável no continente africano, assolado por gravíssimas carências em todos os domínios, pode parecer uma utopia. Mas não é assim que pensa um grupo de docentes universitários que está a lançar as bases para um projecto de intervenção social e ambiental junto das populações locais. A ideia foi lançada há pouco tempo na Universidade Agostinho Neto, em Luanda, e está neste momento em marcha. Um dos seus principais dinamizadores é Jacinto Rodrigues, professor catedrático da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, que explicou à PÁGINA as ideias chave deste projecto.
Esteira do Ambiente
A ideia nasceu no último Congresso Luso-Afro-Brasileiro – um espaço de debate dinamizado por um conjunto de académicos oriundos de diversas universidades do espaço lusófono -, realizado no final de Novembro de 2006 na Universidade Agostinho Neto, em Luanda. Objectivo: formar localmente agentes de eco-desenvolvimento e dinamizar comunidades agro-ecológicas sustentáveis, apoiadas em tecnologias apropriáveis e energias renováveis, tanto em contexto urbano como rural, em países africanos de língua portuguesa.
A meta, tal como reconhece Jacinto Rodrigues, um dos responsáveis pela "Esteira do Ambiente" - nome pelo qual este grupo se quer dar a conhecer -, é "ambiciosa". Mas não impossível. O trabalho desenvolvido por uma outra organização não governamental com a qual têm colaborado e que trabalha na área da formação médico-sanitária, a alemã Anamed, mostra que isso é possível.
Esta ONG realiza regularmente seminários sobre medicina natural em vários países africanos, nomeadamente em Angola, através dos quais os formandos - médicos, enfermeiros, técnicos de saúde básica e mesmo curandeiros tradicionais - são orientados para a prática da medicina convencional recorrendo aos recursos naturais disponíveis.
O principal objectivo da Anamed é proporcionar ajuda directa às comunidades situadas em áreas desfavorecidas no tratamento e prevenção de doenças como a malária e a sida, recorrendo para isso sobretudo à flora local, procurando, deste modo, que as populações locais se tornem menos dependentes dos fármacos importados de países ocidentais.
À semelhança desta ONG, um dos objectivos da Esteira do Ambiente é divulgar junto das comunidades locais as propriedades terapêuticas e alimentares de determinadas árvores e plantas, que, de uma forma barata e amiga do ambiente, podem contribuir significativamente para diminuir a subnutrição e debelar doenças comuns nestas zonas.
Jacinto Rodrigues cita os casos da Moringa Oleífera e a Artemísia Annua, ambas com propriedades terapêuticas e alimentares muito significativas, susceptíveis de proporcionar não só uma base alimentar (no caso da Moringa as folhas são comestíveis e garantem uma alimentação rica em vitaminas, oligoelementos e cálcio) como o fabrico de medicamentos. "Costuma até dizer-se que quem planta uma moringa no quintal tem uma farmácia ao lado de casa", diz Rodrigues, referindo igualmente a importância da Neem, uma planta infestante que funciona como bio-repelente natural, afugentando mosquitos e outros insectos transmissores de doenças em climas tropicais.
A valorização da flora local, porém, é apenas uma das facetas de uma estratégia mais vasta que a Esteira do Ambiente pretende ver implementada no sentido de fomentar processos capazes de contribuir para a melhoria de vida das populações através de meios ecológicos e sustentáveis. Jacinto Rodrigues refere como exemplo a possibilidade de construção de habitações mais sólidas e bioclimatizadas construídas a partir de tijolos fabricados com a própria terra.
Mas não são apenas os aspectos de ordem prática que a Esteira do Ambiente quer ver implementados. O que se pretende, diz Rodrigues, é uma "revolução mental, política e cívica" que "ajude as populações a tomar em mãos o seu próprio destino". Para concretizar este objectivo, diz, o grupo quer dinamizar a formação técnica e pedagógica de agentes de eco-desenvolvimento nos próprios locais de intervenção, capazes de tirar partido dos recursos naturais e saberem aplicá-los na área da medicina natural, da auto-construção e das energias renováveis, num processo de aprendizagem que se quer adquirido de forma prática e numa base recíproca.
Para isso, garante Rodrigues, "não é preciso construir 'elefantes brancos', traduzidos em universidades e pólos", mas tão só que se estabeleça uma rede de académicos com experiência no domínio do desenvolvimento ecologicamente sustentável, em parceria com as universidades e os agentes locais, que possa circular nos diversos territórios de actuação e dar formação numa "perspectiva de transformação da realidade social".
Com vista a preparar as bases desta futura plataforma internacional, a Esteira do Ambiente irá organizar o I Seminário Internacional sobre Desenvolvimento Ecologicamente Sustentável, agendado para 2 e 3 de Maio na Universidade da Beira Interior, na Covilhã, onde, para além de aprofundar este debate, se procurará reunir responsáveis universitários dispostos a viabilizar este projecto e estabelecer protocolos com instituições congéneres nos países africanos.
Mais informação pode ser encontrada no blog "Esteira do Ambiente", espaço de comunicação na Internet em torno do desenvolvimento ecologicamente sustentável, que pode ser visitado em http://ecologiaambiente.blogspot.com.

Artigo de Ricardo Jorge Costa; Jornal a Página da Educação" , ano 16, nº 165, Março 2007, p. 14.

quarta-feira, 21 de março de 2007

Dia Mundial da Árvore

Foto: Ana Clara

A comemoração oficial do Dia da Árvore teve lugar pela primeira vez no estado norte-americano do Nebraska, em 1872. John Stirling Morton conseguiu induzir toda a população a consagrar um dia no ano à plantação ordenada de diversas árvores para resolver o problema da escassez de material lenhoso.

A Festa da Árvore rapidamente se expandiu a quase todos os países do mundo, e em Portugal comemorou-se pala primeira vez a 9 de Março de 1913.

Em 1971 e na sequência de uma proposta da Confederação Europeia de Agricultores, que mereceu o melhor acolhimento da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), foi estabelecido o Dia Florestal Mundial com o objectivo de sensibilizar as populações para a importância da floresta na manutenção da vida na Terra.

Em 21 de Março de 1972 - início da Primavera no Hemisfério Norte - foi comemorado o primeiro DIA MUNDIAL DA FLORESTA em vários países, entre os quais Portugal.

Tirado daqui

segunda-feira, 5 de março de 2007

Tanto para (re)aprender!...

Carta de um índio ao Presidente dos EUA James Monroe (James Monroe foi o quinto Presidente dos Estados Unidos da América, entre 1817 e 1825)

«O Grande Chefe de Washington mandou fazer-nos saber com palavras de boa vontade que nos quer comprar as terras. Muito agradecemos a sua atenção, pois sabemos demasiado bem a pouca falta que lhe faz a nossa amizade.
Queremos considerar esta oferta porque também sabemos demasiado bem que, se o não fizéssemos, os caras pálidas nos arrebatariam as terras com armas de fogo.
Mas, como podeis comprar ou vender o céu ou o calor da terra? Esta ideia parece-nos estranha. Nem a frescura do ar, nem o brilho das águas nos pertencem. Como poderiam ser comprados? Deveríeis saber que cada pedaço desta terra é sagrado para o meu povo. A folha verde, a praia arenosa, a neblina no bosque, o amanhecer entre as árvores, os pardos insectos... são experiências sagradas e memórias do meu povo.
Os mortos do Homem Branco esquecem a sua terra quando começam a viagem através das estrelas. Os nossos mortos, pelo contrário, nunca se afastam da terra, que é a mãe. Somos uma parte dela, e a flor perfumada, o veado, o cavalo e a águia majestosa são nossos irmãos. As encostas escarpadas, os prados húmidos, o calor do corpo do cavalo e do homem, todos pertencem à mesma família.
A água cristalina que corre pelos rios e ribeiros não é somente água, também representa o sangue dos nossos antepassados. Se vo-la vendêssemos, teríeis que recordar que são sagrados e ensiná-lo aos vossos filhos.
Também os rios são nossos irmãos porque nos libertam da sede, arrastam as nossas canoas, procuram-nos os peixes. E além do mais, cada reflexo fantasmagórico nas claras águas dos lagos relata histórias e memórias da vida das nossas gentes, o murmúrio da água é a voz do pai do meu pai. Sim, Grande Chefe de Washington, os rios são nossos irmãos e saciam a nossa sede, são portadores das nossas canoas e alimento dos nossos filhos. Se vos vendermos a nossa terra teríeis que recordar e ensinar aos vossos filhos que os rios são nossos irmãos e também seus. É por isso que devemos tratá-los com a mesma doçura com que se trata um irmão.
Claro que sabemos que o homem branco não percebe a nossa maneira de ser. Para ele um pedaço de terra é igual a outro pedaço de terra, pois não a vê como irmã, mas sim como inimiga. Depois de ela ser sua, despreza-a e segue o seu caminho.
Deixa para trás a campa dos seus pais sem se importar. Sequestra a vida dos seus filhos e também não se importa. Não lhe importa a campa dos seus antepassados nem o património dos seus filhos esquecidos. Trata a sua mãe terra e seu irmão firmamento como objectos que se compram, se exploram e se vendem, tal como as ovelhas ou as contas coloridas. O seu apetite devora a terra deixando atrás de si um completo deserto.
Não consigo entender. As vossas cidades ferem os olhos do Homem Pele Vermelha. Talvez seja porque somos selvagens e não o podemos compreender. Não há um único lugar tranquilo nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o desenrolar das folhas ou o rumor das asas de um insecto na Primavera.
Talvez seja porque eu sou um selvagem e não compreendo bem as coisas. O barulho da cidade é um insulto para o ouvido. E eu pergunto-me “Que tipo de vida tem o homem que não é capaz de escutar o grito solitário de uma garça ou a discussão nocturna das rãs ao redor de uma jangada?”. Sou um Pele vermelha e não o consigo entender. Nós preferimos o suave sussurro do vento sobre a superfície de um lago e o odor deste mesmo vento purificado pela chuva do meio-dia ou perfumado com o aroma dos pinheiros.
Quando o último Pele Vermelha tiver desaparecido desta terra; quando a sua sombra não for mais que uma lembrança como a de uma nuvem que passa pela pradaria, mesmo então estes ribeiros e estes bosques estarão povoados pelo espírito do meu povo. Porque nós amamos este país como uma criança ama os batimentos do coração da sua mãe.
Se decidisse aceitar a vossa oferta teria que vos sujeitar a uma condição: que o homem branco os animais desta terra como irmãos. Sou selvagem e não compreendo outra forma de vida.
Tenho visto milhares de búfalos apodrecendo, abandonados nas pradarias, abatidos a tiro pelo homem branco que dispara de um comboio, que passa. Sou selvagem e não compreendo como uma máquina fumegante pode ser mais importante que o búfalo, o qual apenas matamos para sobreviver.
O que é o homem sem os animais? Se os animais desaparecessem o homem morreria de uma grande solidão. Tudo o que acontece aos animais acontecerá também ao homem brevemente. Todas as coisas estão ligadas.
Devíeis ensinar aos vossos filhos o que nós ensinámos aos nossos, que a terra é nossa mãe. Tudo o que acontece à terra, acontecerá aos filhos da terra. Se os homens cospem no chão, cospem em si mesmos.
Sabemos uma coisa que talvez o Homem Branco descubra algum dia: a Terra não pertence ao Homem, é o Homem que pertence à Terra. Tudo está interligado, como o sangue que une uma família. O Homem não teceu a trama da vida. Ele é apenas um fio. O que faz com essa trama fá-lo a si próprio. Nem sequer o Homem Branco, com quem o seu Deus passeia e fala de amigo para amigo, está isento do destino comum. Depois de tudo, talvez sejamos irmãos. Logo veremos.
(...) Também os brancos se extinguirão, talvez antes das outras tribos. O homem não teceu a rede da vida. É apenas um desses fios e está a tentar a desgraça se ousa destruir essa rede.
Tudo está ligado entre si como o sangue de uma família. Se sujardes o vosso leito, uma noite morrereis sufocados pelos vossos excrementos.
Mas vós caminhareis até à destruição, rodeados de glória e esplendor pela força de Deus, que vos troxe a esta terra e que por algum especial desígnio vos concedeu domínio sobre ela e sobre o Pele Vermelha. Esse desígnio é um mistério para nós, pois não entendemos porque se exterminam os búfalos, se domam os cavalos selvagens, se enchem os recantos secretos de um bosque com o hálito de tantos homens e se cobre a paisagem das exuberantes colinas com fios faladores.
Onde está o bosque denso? Desapareceu.
Onde está a águia? Desapareceu.
Assim se acaba a vida e só nos resta a possibilidade de tentar sobreviver.»

Texto extraído da revista «Ecos do ambiente, n.º 3, Fevereiro de 2000 - Revista do Geonúcleo - Núcleo de ambiente da Universidade Fernando Pessoa»

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Pilha solar em plena época balnear!


Uma brincadeirinha à volta das energias alternativas.
(Pode ser?)

sábado, 3 de fevereiro de 2007

A Água na Paisagem do Séc. XXI

Jardins Filtrantes e Produção Agro-Ecológica

São terríveis as imagens de Luanda sob as chuvas torrenciais que vimos nas notícias da semana passada.
Parecia que um dilúvio fizera submergir o bairro do Cazengo. Gente desesperada tentava salvar os magros recursos das sanzalas.
A trovoada e as grandes bátegas de água, encharcavam a pobre gente dos musseques, arrastando tudo numa impressionante voragem. E durante mais de uma semana as chuvas inundaram casas e as terras ficaram alagadas. Agora, os charcos pairam por todo o território e os detritos vindos dos esgotos desfeitos tornaram as águas pestilentas. Os mosquitos não tardaram quando o sol voltou, por isso está aí o perigo da malária e das desinterias. É a morte que espreita sobre a cidade.
Que medidas se podem adoptar para que, de um modo simples, se possam prevenir futuras catástrofes deste tipo?
Vamos explicitar, neste texto, algumas reflexões que apontam para processos capazes de contribuir para a melhoria de vida das populações, através de meios ecológicos e sustentáveis.
A paisagem humanizada é um ecosistema natural que se interliga aos sistemas artificiais construídos pelo homem. Urbe e natureza constituem assim uma relação simbiótica originando o actual processo civilizacional em que vivemos. A sociosfera gerou um antagonismo com a biosfera devido ao aparecimento duma tecnosfera que esgota e contamina a natureza. Actualmente a biosfera tem um ritmo de regeneração inferior ao esgotamento e poluição gerados pela tecnosfera, baseada na energia fóssil e materiais não recicláveis.
O metabolismo circular, específico dos processos ecosistémicos e bioregenerativos, foi assim perturbado pelo metabolismo linear desta civilização esbanjadora e contaminante.
Para retomar o metabolismo circular bioregenerativo dos ecosistemas naturais, será necessária uma mudança radical. Teremos de substituir as energias fósseis por energias renováveis e substituir a actual tecnosfera por uma ecotecnosfera reciclável e reutilizável.
Assim, o metabolismo circular no paradigma ecológico deixará de ter lixos para ter nutrientes. Nutrientes orgânicos recicláveis no metabolismo regenerativo da biosfera e nutrientes técnicos, reutilizáveis na nova ecotécnica civilizacional baseada em materiais biodegradáveis e energias renováveis.
É neste contexto global que teremos de encarar o ciclo da água.
A produção agro-ecológica e os jardins filtrantes devem inserir-se numa nova visão da complexidade sistémica.
Assim, as águas residuais que contêm fluxos de nutrientes, devem ficar sujeitas a processos de lagunagem para a reciclagem orgânica desses nutrientes, permitindo a obtenção de águas reutilizáveis. Essas águas reutilizáveis podem mesmo vir a tornarem-se águas potáveis.
Vamos descrever, duma forma sintética, o funcionamento dos processos de biofiltragem acoplados à produção agro-ecológica.

É importante organizar bacias para este processo de biodepuração.
Essas lagunagens, (funcionando de uma forma biodepurativa) podem permitir, graças a uma inclinação do terreno, um movimento da água por gravidade.
Podem-se usar micrófitas (algas) para a filtragem da água.
É sempre importante organizar 3 bacias, pois à decantação da primeira bacia, seguem-se outras formas mais eficazes de depuração.
As macrófitas são usadas com eficácia para a filtragem da água (caniços, junquilhos, íris, etc.)
Nestes casos procede-se a uma colheita dos vegetais, de tempos a tempos, para não haver uma infestação (a biomassa recolhida permite fertilizar a terra após feita uma compostagem).
As lagunagens podem ser compósitas: micrófitas e macrófitas, podendo também povoar-se com peixes e patos, constituindo-se um ecosistema mais complexo, mais eficaz e também mais aprazível.
Assim procede-se à integração da produção agro-ecológica com os jardins filtrantes, criando-se uma nova paisagem útil e agradável.
Estes jardins filtrantes, quando utilizados para filtrar águas pluviais e domésticas, são locais de produção agro-ecológica e permitem ainda a existência de um parque de recreio e lazer.
Para uma melhor depuração das águas o solo desempenha um papel fundamental como factor de filtragem. O sistema depurador do solo pode organizar-se a nascente do processo biodepurativo da lagunagem.
As águas usadas domésticas poderão, previamente, sofrer uma filtragem inicial através duma camada natural de argila. Essa camada natural de argila pode estar subterrada por um talude de terra na qual se plantaram choupos ou álamos. As raízes destas árvores são um sorvedouro dos nitratos que possam existir nas águas que escorrem ao longo do leito de argila, em declive, por onde a água vai sendo filtrada primeiro pelo solo de argila e depois pela fitodepuração e biodepuração.
Podem também juntar-se aos choupos os salgueiros que, embora dotados de uma forte capacidade de evapotranspiração (consumindo bastante água), têm contudo uma grande capacidade de absorverem e consumirem azoto e fósforo que, eventualmente, possam estar nas águas residuais e que são prejudiciais à saúde dos homens e dos animais.
A estas macrófitas podem-se juntar muitas outras plantas úteis para a alimentação de animais assim como peixes, conforme o uso das lagunagens e o grau de depuração conseguido nas bacias anteriores.
Essas plantas úteis, para além das fragmitas comunis e dos jacintos de água, podem ser utilizadas na alimentação humana, como por exemplo ervilhas de água, agriões e alfaces de água, logo que se assegure uma boa filtragem tendo em vista a potabilização da água.
Neste processo é importante estabelecer zonas nítidas de separação entre o processo agro-ecológico, em que podem coabitar animais, peixes e plantas e o processo em que se pretende tornar a água potável.
Barreiras e cascatas, constituídas por pedras, argilas e plantas diversas, nomeadamente rizomas, são divisórias porosas do processo de lagunagem que permitem os meios eficazes para a obtenção de água cada vez mais potável.

No percurso deste fluxo hídrico a água é assim filtrada e agitada de modo a ser cada vez mais oxigenada. Podem usar-se cascatas naturais entre os vários declives mas podem também ser usadas “flowforms” que, graças a um design especial, fazem circular a água. Essa água saltita sobre o relevo e os contornos artísticos dessas formas, especialmente concebidas para o efeito revitalizador da água.
Bibliografia essencial
"Le lagunage ecologique", Yves Pietrasanta e Daniel Bondon, Ed. Economica, Paris, 1994;
"L'eau à la maison", Sandrine Cabrit Leclerc, Ed. Terre Vivante, Mens, 2005;
"A la recherche du mystère de l'eau", Hans Kronberger e Siegbert Lattacher, Edt.Uranus,1999;
Refiro também a importância dos contactos tidos com Michel Rossell, no sul de França e de Herbert Dreiseitl, na Alemanha, que trabalhou no projecto IBA do Emscher Park e dirige o Atelier Dreiseitl em Uberlingen.
Ver ainda o site:
http://www.waternunc.com/fr2004/phytorestore01_2004.php

quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

Relatório sobre Ambiente - Angola

“Relatório sobre ambiente será apresentado hoje.
O Ministério do Urbanismo e Ambiente (MINUA), vai apresentar, hoje, às 10 horas, no Hotel Trópico, em Luanda, o Relatório sobre o Estado Geral do Ambiente em Angola, um documento que espelha os principais problemas ambientais no país.
Segundo uma nota de imprensa deste organismo governamental chegado à Angop, a apresentação deste documento afigura-se numa das principais actividades alusivas ao Dia Nacional do Ambiente, a assinalar-se amanhã, dia 31.
O documento, elaborado nos últimos dois anos com o apoio do Banco Africano de Desenvolvimento, identifica os desafios relacionados com a gestão ambiental em Angola, fornece informações de base para estudos mais profundos e representa uma ferramenta fundamental de apoio à decisão política.
Faz ainda uma análise da situação ambiental no país com base numa série de indicadores ambientais, dos quais se destacam os solos, água, biodiversidade, ar, resíduos e ruído, bem como uma descrição da evolução social para destacar a relação entre o desenvolvimento económico e a protecção do ambiente.
Consta ainda de um programa de investimento ambiental do Banco de Desenvolvimento Africano, do qual resultam também a elaboração de vários projectos ambientais. Dos mesmos, se destacam a criação de um banco de dados de indicadores ambientais, o reforço da capacidade institucional para a preservação do ambiente, a elaboração de um plano nacional de desenvolvimento do uso da terra, assim como projectos de gestão comunitária de recursos naturais.”

[Publicado no Jornal de Angola 2007.01.30]

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

COLIBRI



Para se ouvir a musica terá que se clicar no Play e aguardar um pouco pelo carregamento da música. (depende da velocidade da vossa ligação).

Um grande abraço para todos

Filipe Francisco, eco-arq.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Último relatório Estado do Mundo 2007:
O nosso futuro urbano, apresentado pelo Worldwatch Institute, cujas constatações são em resumo: "Com 0,4% da área do planeta, cidades emitem 75% dos gases que resultam no efeito estufa. Em algum momento de 2008, a humanidade ultrapassará uma barreira histórica: pela primeira vez mais pessoas viverão em zonas urbanas do que rurais. O marco é um lembrete de que as cidades precisam se adaptar a esta realidade e repensar sua estrutura e funcionalidade, ou o planeta não dará conta de alimentá-las. O Instituto Worldwatch, com sede em Washington, nos Estados Unidos, mostra o tamanho do problema em seu relatório Estado do Mundo 2007: Nosso futuro urbano. Hoje as cidades ocupam apenas 0,4% da superfície do planeta. Não obstante, são responsáveis pela emissão direta e indireta de 75% dos gases do efeito estufa. "Cidades que não mudarem em dez anos enfrentarão um desastre", diz o arquiteto Jaime Lerner, ex-governador do Paraná, que escreveu um prefácio do relatório" OESP, 11/1, Vida, p.A14.O relatório está disponível para aquisição no sítio do Worldwatch. Como não faço compras em sítios de outros países, não tenho como disponibilizar as informações para o acesso de todos da Esteira. Mas é provável que alguém do nosso grupo possa fazê-lo. Acredito que a análise de tais dados poderá nos ajudar a pensar o caso Luanda e tantos outros, em especial os localizados na tal zona dos "... Em Desenvolvimento".
Abraços fraternos aos irmãos e irmãs da Esteira do Ambiente.

Maria José Aquino.

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Caros Colibris

A Anamed (Acção para a medicina natural) que previra inicialmente a realização de um seminário no Kuíto, como informei anteriormente, prevê agora essas acções no Kuíto ou no Huambo, como poderão confirmar no documento que junto envio.









Anamed - Action for Natural Medicine
Anamed is a small German charitable organization that helps communities and health centres in the Tropics to become more self-reliant in preventing and treating the most common diseases and health complaints by utilizing and developing their own locally available resources. In this way, the poorest communities can save many lives, and health centres can become less dependent on imported medicines.
ARE NATURAL MEDICINES THE ANSWER?
Entrevista do Dr. Hans-Martin Hirt in Contact, Nº 163, 1998, p. 11-13,
http://www.wcc-coe.org/wcc/news/contact1.pdf

A utilização das Plantas Medicinais nos Trópicos
Seminário c/ Dr. Hans-Martin Hirt
Angola
4-11 Março 2007
Num dos seguintes locais:
Pousada / R. Capitão Ângelo Lima, Kuito – Bié / Tel. +244 (48) 70940
ou
Mosteiro Antigo das Monjas Trapistas, Cacilhas (Huambo)
Tel. +244 923 458 328; +244 923 366 912; Fax: +244 (41) 21 173.
E-Mail:
nsdellapace@libero.it / http://www.trappisteangola.org

Informações e Inscrições:
Dr Hans-Martin Hirt
Anamed international
Schafweide 77 - 71364 Winnenden
Germany - Tel: 49 7195 910225
Email:
anamedhmh@yahoo.de
www.anamed.org
Margarete Roth
Anamed Angola
CP 5129, Luanda AO
E-mail:
margarete@nexus.ao
http://christliche-fachkraefte.de
www.mundo-do-amor.de
www.worldagroforestrycentre.org/news/Default.asp?NewsID=%7B32C239E6-2CE6-4349-919F-E758CA15AB87%7D

1. Organização
ANAMED - Action for Natural Medicine
http://www.anamed.org

2. Experiência, Metodologia, Publicações da Anamed
2.1. Mais de 20 Cursos semelhantes realizados nos seguintes países:
Eritreia, Etiópia, Sudão, Quénia, Uganda, Malawi, Tanzânia, Moçambique, África do Sul, Congo,
República Democrática do Congo, Togo

2.2. Metodologia
A Anamed é uma pequena iniciativa cristã na Alemanha. Eles possuem uma experiência considerável na realização de seminários sobre a “medicina natural”. Estes seminários geralmente duram uma semana, com aproximadamente 30 pessoas, sendo que algumas são treinadas na prática médica moderna, tais como médicos, enfermeiros e sanitaristas básicos, e outras são curandeiros tradicionais.Para mais informação, pesquisar ANAMED em
http://tilz.tearfund.org/Portugues/

2.3. Publicações
http://tilz.tearfund.org/Portugues/Passo+a+Passo+41-50/Passo+a+Passo+48/Recursos+48.htm

3. Local do curso em Angola:
Hip. A: Pousada do Governo / Rua Capitão Ângelo Lima / Kuito (Bié) / Tel. + 244 (48) 70940 ; ou
Hip. B : Mosteiro Antigo das Monjas Trapistas, Cacilhas (Huambo)
Tel. +244 923 458 328; +244 923 366 912; Fax: +244 (41) 21 173.
E-Mail:
nsdellapace@libero.it / http://www.trappisteangola.org

4. Data: 4 a 11 de Março de 2007

5.Línguas do Curso : Inglês e Português

6. Orientador do Curso:
6.1. Nome e contacto:
Dr Hans-Martin Hirt (Anamed International)
Schafweide 77 - 71364 Winnenden [20 km NE Stuttgart / Baden-Württemberg / SE Germany]

www.worldagroforestrycentre.org/news/Default.asp?NewsID=%7B32C239E6-2CE6-4349-919F-E758CA15AB87%7D

7. Informações e Inscrições no Curso
Dr Hans-Martin Hirt (Anamed International)
Tel. +49 7195 910225 /
E-mail:
anamedhmh@yahoo.de
Margarete Roth (Anamed Angola)
CP 5129, Luanda
E-mail:
margarete@nexus.ao

(Informações fornecidas por António Melo - CCDR-N- Porto)
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Notícias Colibris e correio!

Em Espanha, existe um centro de investigação agronómica interessado nas sementes da Botle tree Moringa ovalifolia Dinter ex Berger que existe no sul de Angola. As imagens dessas moringas encontram-se no site:http://www.mobot.org/gradstudents/olson/bottlespecies.html .
Haverá alguém que possa arranjar essas sementes? Trata-se de investigar a qualidade fitoterapêutica e nutritiva dessa árvore angolana.
Temos recebido alguns e.mails. Talvez fosse interessante abrirmos uma rubrica de notícias para algumas dessas missivas onde se solicitam informações que têm a ver com a problemática da esteira do ambiente.

Assim em resposta à Neide Augusto, sobre as questões relativas à proposta de construção com a técnica de terra e dentro duma perspectiva de desenvolivmento ecologicamente sustentável, duma escola de arte, vou apenas traçar algumas susgestões:

  • Investigar, junto da Associação recentemente formada em Luanda, sobre construção de terra (e cujas informações estão na nossa esteira, graças à Ana Clara) da possibilidade de encontrar apoios para as respostas técnicas aí mesmo, em Luanda.


  • É muito importante, quando se trabalha numa perspectiva ecológica, ter muito clara a situação topológica onde o edifício se irá inserir. Esse local vai-nos fornecer as informações fundamentais, isto é, os materiais mais fáceis de encontrar e os que são mais apropriáveis em função do clima e da qualidade arquitectónica.


  • O mesmo se passa em função das áreas previstas para a edificação, que tem muito a ver com os sistemas culturais dos utentes e também, naturalmente, com os preços e disponibilidade dos terrenos.


  • Como modelo de referência de sistemas bioclimáticos posso indicar o Liceu de Caudry, em França, como uma experiência que tem merecido grande atenção na Europa. Mas é preciso levar em conta que o sistema de bioclimatização em África é diferente do da Europa. (ver: Liceu de Caudry - uma escola eco-sustentável
    Jacinto Rodrigues; Jornal "a Página" , ano 11, nº 114, Julho 2002, p. 10. - http://www.apagina.pt )


  • Vou pedir aos arquitectos Helvécio Cunha, que está em Luanda, Manuel Cerveira Pinto e Jorge Filipe do Porto, colaboradores do blog, que se disponham a cooperar com a Neide Augusto. Concretize as suas perguntas e envie-as para a esteira do ambiente.

Saudações colibris e bom trabalho!

Jacinto Rodrigues


domingo, 14 de janeiro de 2007

Os 10 Mandamentos da Água

Espero que as férias vos tenham bioregenerado e que as disposições para o trabalho na nossa esteira do ambiente prossigam com mais energia na escrita de novos materiais.

Em contacto com a Margarida Feijó obtive estes 10 mandamentos da água que aqui envio para que os nossos colibris possam orientar a sua actividade cívica nesta problemática tão premente como a água.

A Margarida Feijó está ainda interessada em actividades de produção e de transformação de um arbusto que conheceu em Timor: o Neem.
Este arbusto é muito interessante e há muitos materiais na internet. Basta clicar em planta neem para acedermos a várias informações sobre ela e sobre a sua utilização como biorepelente nomeadamente para o mosquito transmissor da malária.
Existe espontaneamente em Timor e interessa estudar se existe em Angola. Gostaríamos de obter informações sobre este assunto.
Entretanto, em contacto com amigos alemães, constatei que o Neem pode articular-se com a Artemisia Anua que é uma extraordinária planta para tratamento da própria malária.

O grupo alemão Anamed (http://www.anamed.org ) tem trabalhado em África há vários anos elaborando pequenos manuais de medicina natural, também em português, onde as plantas medicinais têm um papel decisivo. Os médicos da Anamed conjugam o uso da Moringa Oleífera com a Artemísia Annua e têm obtido bons resultados na terapia da SIDA.

Tudo isto é muito importante tanto mais que os amigos da ANAMED produzem uma farmacologia totalmente apropriável pelas populações pois os "medicamentos" resultam de sopas e chás com as folhas das referidas plantas.

A Anamed estará presente entre 4 e 11 de Março, em Angola - Kuíto (Bié) num Seminário de medicina natural nos Trópicos.

Era importante a presença de "colibris" nesse evento. A formação de "colibris" no domínio da plantação, tratamento e profilaxia deste tipo de medicina natural constitui um instrumento simples e apropriável para todos aqueles que querem lutar contra a fome e as epidemias que assolam Angola.

Pedia, em especial à Fatima Viegas, que divulgasse, junto das igrejas que ela conhece,esta iniciativa da Anamed. Também solicitava à prima Encarnação Pimenta o empenhamento cívico nesta causa.

Aqui em Portugal estou a ser ajudado pelo Professor Jorge Paiva do Jardim Botânico de Coimbra e também pelo Dr. António Melo da CCDR-N do Porto, na recolha de dados sobre Moringa, Artemísia, Neem e outras plantas, de modo a constituir um dossier susceptível de ser fornecido a todos aqueles que o solicitarem.
A Gabriela dispôs-se também a colaborar na área da Farmacologia que é a sua especialidade.

Prepara-se na Universidade da Beira Interior - Covilhã - um Seminário sobre Desenvolvimento Ecologicamente Sustentável, provavelmente em Março de 2007. Informarei atempadamente, em Fevereiro, para que o máximo de "colibris" possam estar presentes neste evento que se centra sobre África.

Jacinto Rodrigues






Os 10 mandamentos da Água




Amarás a Água como o bem mais singular do nosso belo planeta azul.

2º Não esbanjarás a Água do planeta azul em vão.

3º Respeitarás os rios e o seu curso porque eles encerram tesouros de vida, beleza e harmonia que foram confiados à tua guarda.

4º Honrarás o pai oceano e a mãe fonte porque no seu seio foste gerado.

5ºNão sonegarás aos vindouros o direito a usufruir da Água já que sem ela não poderão sobreviver.

6º Protegerás a pureza da Água não só nas palavras como nos actos.

7º Não furtarás a Água do teu vizinho pois não és dono da grande casa do mundo.

8º Não inventarás falsas desculpas, nem te refugiarás na ignorância; o conhecimento do ciclo da Água está ao teu alcance e perpetuá-lo é o teu dever.

9º Não degradarás a Água enquanto ancestral fonte de prazer e inspiração nem enquanto promessa viva de novas riquezas.

10º Não privarás os seres aquáticos que nela vivem, agindo como patrão da natureza quando és apenas um elo na sua cadeia.

Fundação Nova Cultura da Água
Novembro de 2000

terça-feira, 2 de janeiro de 2007

Esteira plural

Embora não tenha a capaciade do entusiasmo militante do Jacinto Rodrigues, e até tenha algumas dúvidas metódicas sobre este tipo de iniciativa, o certo é que parece querer criar-se uma dinâmica que seria pena perder-se. A minha posição sobre a "esteira" é plural: Cabem acções militantes de "transformação do mundo", mas também iniciativas analíticas e reflexivas (que ajudem a perceber o rumo dessas iniciativas) e testemunhos de diversa ordem.
É difícil resistir ao entusiasmo do "nosso moderador" e pela minha parte estou disponível para contribuir que esta iniciativa se cruze com outras.
É claro que é necessário estruturar um pouco mais estes gestos voluntaristas e caso se justifique (depende da adesão) organizaremos um encontro para partir pedra...
Digam de vossa justiça e até lá ...

Impressões de Luanda 2

Tomo algumas destas notas ainda em Luanda, numa sexta-feira pastosa que invade a cidade e de um cheiro que quase nunca é bom, mas podemos imaginar como poderia ser florido e fresco, sobretudo à noite

Noite, como muitas vezes falta a luz àquela hora. Arrancam os geradores num barulho que sufoca o ar. Quantos geradores estão trabalhar esta noite e a queimar não sei quantas toneladas de combustível? O que pensam os países viciados numa economia de guerra, alimentada pelo petróleo?

Impera o desperdício: da água que enche tanques e vaza, dos milhares de carros lavados todas as manhas, dos ares que nunca se desligam, das luzes que nunca se apagam.

Consta que ¾ população vive com 15/20 litros de água por dia, numa correria entre bidons amarelos e o processo 500. Para quantos pneus chegam 15 litros?

Claro que o mundo não é só injusto em Luanda, mas tudo se torna mais insuportável quando o confronto é a mais descarada opulência, mal formada, e a exibição atrevida da vacuidade num clima de orgia permanente. Mesmo que antes seja necessário atravessar o inferno pestilento da Samba até chegar ao embarcadouro.

Hoje finalmente faltou água em casa, os tanques esvaziaram sem que se soubesse que há dias faltava na cidade. Como se sabe em Luanda não fica bem ver a TPA e por enquanto as TVs brasileiras e a “SIC 10 horas” ainda não dão notícias sobre a falta de água em Luanda. É uma azáfama e uma fonte de receita para a casa da esquina que tem um poço.

Luanda surge como um imenso bairro de lata intercalada por pequenos oásis e por um subúrbio novo, rico, fechado e árido que foge para sul. Choveu e as inundações sobressaem. Estradas que são lagos de chuva, lixo e esgotos.

Fervilha uma actividade construtiva e de serviços, de negócios e de oportunidades. Chineses, brasileiros, portugueses, indianos e claro angolanos antigos e recentes. Uma ponte, uma escola, duas fábricas e três estruturas metálicas. Ganha quem tem mais força? quem chega primeiro? quem conhece melhor os meandros da “gasosa”? Ganham, para já, todos... incluindo-se naturalmente os luandenses que podem, pelo menos, deslumbrar-se com os primeiros sobressaltos de uma sociedade de consumo e respirar um ambiente menos claustrofóbico.

A nova moda e ícone de sucesso é a segurança privada, a esturricar sentados em cadeiras de plástico e a fazer candonga com o estacionamento. Parece que a eficácia em termos de segurança é duvidosa. Por vezes estão feitos com os bandidos ou são os primeiros a ser amarrados e a levar umas chapadas

Em Luanda como se sabe há muitos “Jeeps” grandes, mas encontrei um que exibia um grande ícone revolucionário e vi rituais que engasgam o mais passivo dos seres. O nosso revolucionário, o do Jeep, atravessa em pontas o charco que envolve a viatura após a barrela matinal e num saltinho pesado atinge o assento, as pernas ficam bamboleantes à espera....que o “moço” que lava o carro lhe limpe as solas!

Felizmente Luanda não é só isto. Há o Minho do meu avô africano, lá onde se reinventa o Kwanza, ritmos que caiem sobre rios de liberdade, a Barra do Dande e gente que ama e estuda o deserto.

segunda-feira, 1 de janeiro de 2007

Reunião de Colibris na despedida de Luanda






Ainda temos o coração "dorido de saudades" por termos deixado esta cidade de Luanda e os nossos amigos Colibris!
Graças ao Álvaro Pereira, com quem estivemos no dia de Natal, obtivemos estas fotos que são uma pálida imagem do encontro fraterno que tivemos pouco antes da nossa viagem migratória de colibris viajantes à roda do mundo.
Voltamos a conversar sobre vários projectos que cogitamos aqui no Convento de S. Paio, em Vila Nova de Cerveira, onde estivemos reunidos a relembrar os colibris de Luanda.
Então, fizeram-se projectos, delinearam-se sonhos e imaginaram-se utopias realizáveis.
O Álvaro sugeria que passássemos de blog para um site com mais informação e visibilidade social.
Defendo a ideia de estruturarmos melhor o grupo para futuras intervenções. A minha preocupação essencial seria a de criarmos uma "mucanda" para que esta "esteira" que iniciámos se tornasse numa escola de vida, com agentes de ecodesenvolvimento que interviessem de forma pedagógica e social na construção de experiências exemplares.
Vou dar um exemplo:
Participar na formação de uma ecoaldeia, comunidade agro-ecológica sustentável e apoiada em tecnologias apropriáveis e energias renováveis.
Esta ecoaldeia poderá surgir como resultado de uma formação prática no interior de Angola com a população e para a população, integrado num projecto federativo interuniversitário, com iniciativas de múltiplos sujeitos implicados na mudança social (estado, poder local, igreja, ongs, sociedade civil, etc.).
Para discutir estes temas teremos que participar todos nesta nossa esteira. Só assim poderemos consolidar estratégia e encontrar a logística adaptada para a realização dos nossos sonhos.
Nota: Continuamos a trabalhar nas moringas oleíferas. Neste momento o Ignácio e o Jaquim, nossos amigos da Galiza, estão a ocupar-se do viveiro. Em breve teremos mais sementes dos Açores e do Brasil. Veremos como organizar a plantação de moringas no futuro!!

Votos de um ano 2007 cheio de esperança colibri!

Jacinto Rodrigues



 
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